Em 2008 escrevi um dos capítulos do livro Diálogos. O texto recebeu o título de “Hospitalidade: meio para o fortalecimento da identidade e de vínculos emocionais”. Além de ser uma experiência única e que proporciona grande alegria, escrever parte de um material tão notável auxiliou-me a desenvolver algumas reflexões sobre a comunicação não-verbal e acerca do modo como nos relacionamos com o ambiente a nossa volta.
Sou morador de Santos, litoral paulista. Comercialmente, a atividade turística aqui na região data da terceira década dos anos de 1900. O artigo surgiu do seguinte pressuposto: uma criança de 10 anos de idade, que visitou a cidade em 1930, tem hoje 79 anos de idade. Provavelmente tem filhos e pela idade deve ter mais de dois, como é comum ao pessoal desta geração. Bem, estes, por sua vez, têm algo em torno de 40 ou 50 anos de idade e têm filhos. Assim, estas gerações criaram vínculos emocionais com nossa praia e os monumentos do lindo jardim de orla que existe aqui. Essa moçada se identifica com nossa cidade, com o perfume do mar estuarino e com as cores de nosso pôr de Sol.
É comum ouvir os mais idosos dizerem que passaram a infância por aqui. Os jovens paulistas de 20 ou 30 anos certamente têm passagens mais marcantes no Guarujá, na Riviera de São Lourenço, em Bertioga, e nos litorais Sul e/ou Norte. Você imagina por que? Por conta da poluição das praias de Santos e São Vicente. Os índices de balneabilidade negativos afastaram os turistas e acabaram manchando a marca da cidade. Entretanto, nota-se que a identidade e os vínculos emocionais ficam.
As lembranças e o saudosismo parecem não serem desfeitos por conta de problemas ambientais. O mesmo acontece com a memória dos nadadores e remadores do Rio Tietê, na capital do Estado. As pessoas tendem a guardar em suas mentes as informações bacanas que viveram por aqui. Isso é muito bom para o planejador do turismo, pois abre um canal de comunicação em nível emocional. Vender a cidade, enquanto destino turístico, fica fácil, pois o apelo sentimental fala muito alto.
Viver o ambiente natural é isso. Sentir a temperatura, observar as cores e os ritmos da natureza, ouvir os sons da fauna e da flora, além de perceber a energia dos elementos naturais.
Aparentemente estas reflexões não têm muito a ver com os treinamentos empresariais ao ar livre, tema central de nossa coluna. Perceba, entretanto, que as referidas memórias, identidades e vínculos emocionais referem-se ao trabalho também. Um profissional com longa história em determinada empresa compartilha valores com a organização e seus colegas. Um vendedor identifica-se com a rotina de formação e gestão da carteira de clientes, um professor de universidade pública identifica-se com a segurança de seu emprego e um empreendedor identifica-se com o frio na barriga nosso de cada dia gerado pelas incertezas e desafios do mercado.
Vivenciar o ambiente natural em conjunto com os colegas de trabalho é uma experiência única e que abre um canal de comunicação não-verbal intenso entre as pessoas, elas consigo mesmas e entre estas e o mundo externo. Interessante notar como as pessoas demandam tempo para entrarem em sintonia com o “espaço” – urbano ou não – para, então, este tomar a conotação de “lugar”, repleto de sentido, significados.
Para conhecer nossa proposta de vivências integradas na natureza visite nosso website!
PUBLICAÇÃO SIMULTÂNEA NO BLOG [RH EM HOSPITALIDADE] E NO WEBSITE OUTRO LADO DA NOTÍCIA.
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