O governo do Estado de São Paulo também está expandindo a rede pública de ensino profissionalizante. Sem acesso ao programa Brasil Profissionalizado do governo federal, o ex-governador Geraldo Alckmin, secretário estadual de Desenvolvimento, pasta responsável pelo Centro Paula Souza, que administra as escolas técnicas paulistas (Etecs), pretende " não gastar um único centavo com tijolos " e ainda assim abrir 33,5 mil vagas até o fim do ano. A estratégia é usar salas de aula ociosas de escolas estaduais e dos Centros de Educação Unificados (CEUs), da prefeitura paulistana.
"Tem muita escola com sala de aula vazia à noite. No ano passado, fizemos convênios para utilizar essa capacidade ociosa de mais de 30 escolas e 17 CEUs com as Etecs. O fato importante é que não precisa fazer prédio novo", explica Alckmin, acrescentando que os novos cursos serão limitados ao setor de serviços. "Vamos ceder professores do Paula Souza para ensinar comércio, turismo, informática, administração, gestão de pequenos negócios, contabilidade, cursos que demandam no máximo um laboratório de informática."Calculando de cabeça, o ex-governador prevê economia de até R$ 300 milhões. " Construir e equipar uma escola para 1,1 mil alunos sai por volta de R$ 7 milhões, R$ 8 milhões. Estamos falando de mais de 30 escolas. A economia pode ser ainda maior, porque aí não entra a compra de terrenos, não precisa gastar com limpeza, segurança, a Etec só entra com os professores. "
A meta do programa de expansão do governo tucano é ampliar as matrículas para 177 mil alunos nos cursos técnicos e regulares das Etecs - em São Paulo, o programa profissionalizante tem duração de 18 meses e o aluno precisa ter o diploma ou estar cursando simultaneamente pelo menos o segundo ano do ensino médio. Entre 2003 e 2009, as matrículas apenas dos cursos técnicos passaram de 62.514 para 115.529, uma taxa de crescimento de 85%. Fundado em 1969, o Centro Paula Souza administrava 126 escolas em 2006; hoje responde por 179.
Além da economia com a expansão das vagas, Alckmin relaciona as escolas técnicas com o dinamismo do mercado de trabalho. " Em uma cidade falta emprego, na outra, sobra. A lógica é fazer um casamento, ver o que o mercado de trabalho precisa. Podemos abrir uma escola técnica de administração hoje, mas não é um curso eterno, amanhã a microrregião pode não precisar mais de formar profissionais com esse perfil. "
Para o secretário de educação profissional e tecnológica do Ministério da Educação, Eliezer Pacheco, o avanço das matrículas dos cursos técnicos está relacionado com projetos de Estado. " Foram raros os momentos em que o Brasil teve projetos de nação. Tivemos com Getúlio, JK, Geisel e agora com Lula. Por mais que discordemos do regime, o Brasil na época do Geisel tinha plano de crescimento, autonomia energética, fortalecimento das estatais. Naquela época o ensino profissional era forte, estava relacionado com a necessidade de geração de mão de obra qualificada, assim como hoje.
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